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SITUAÇÃO-PROBLEMA Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das questões sinalizadas com asterisco. Leia com atenção estes parágrafos, extraídos de uma narrativa: […] — Quero que vocês peguem as mochilas da escola e tirem os materiais de dentro e… — Que mochilas, tio? — perguntou Lucas — A minha não presta para mais nada. — Nem a minha! — Nem a minha! — Posso imaginar o estado em que elas se encontram. Vou sair para comprar mochilas, mantimentos e alguns utensílios para acampar. Por favor, não destruam o apartamento enquanto eu estiver fora. Ao voltar do supermercado, uma gritaria infernal o recebeu. Parecia que o mundo estava se acabando num terrível cataclismo. Era como se um bando de dentistas com brocas e enfermeiras com injeções tivesse invadido o apartamento e perseguisse todas as crianças, que fugiam desesperadas, apavoradas, aos berros derrubando tudo que encontravam pelo caminho. Um verdadeiro campo de batalha final. […] SILVA, José Cláudio da. Pai, posso dar um soco nele? São Paulo: Casa do Novo Autor, 2003. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ea000419.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2017. José Cláudio da Silva nasceu em Brasília, Distrito Federal, em 1959. Formou-se em Letras pela Faculdade Oswaldo Cruz e é professor de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental. É autor de diversos livros. 1 Releia o trecho a seguir: — Posso imaginar o estado em que elas se encontram. [...] […] uma gritaria infernal o recebeu. [...] A compreensão textual depende de o leitor perceber as relações entre as palavras no texto. Volte ao fragmento para identificar os referentes dos pronomes em destaque. O pronome que refere-se a estado; elas, a mochilas; o, a tio. 2 Releia o fragmento a seguir e compare-o com a reescrita. — […] A minha não presta para mais nada. A minha mochila não presta para mais nada. Classifique o pronome minha como substantivo ou adjetivo no fragmento original e na reescrita proposta. No original, minha é usado como pronome substantivo; na reescrita, é usado como pronome adjetivo. 3 Com base no contexto apresentado, identifique o referente do pronome vocês, presente na pri- meira frase do trecho: “ — Quero que vocês peguem as mochilas da escola e tirem os materiais de dentro e...”. Justifique sua resposta. Visto que o personagem responsável por essa fala é identificado como tio, quando ele usa o pronome voc•s, refere-se aos sobrinhos. 13 L ÕN G U A P O R T U G U E S A M ” D U LO 8 PH_EF2_7ANO_LP_005a017_CAD2_MOD08_CA.indd 13 11/27/19 15:26 PRATICANDO O APRENDIZADO 1 Identifique os pronomes presentes nas frases seguintes e aponte a pessoa do discurso a que se referem. a) O vizinho causava problemas para a vizinhança. Numa noite, inclusive, a polícia bateu em sua porta. sua: 3a pessoa b) Não me corte muito o cabelo. me: 1a pessoa c) Eu te responderei assim que souber. eu: 1a pessoa; te: 2a pessoa d) A matéria da prova foi ditada pelo professor. Anotei-a em minha agenda. a: 3a pessoa; minha: 1a pessoa 2 Sublinhe, nas frases seguintes, os pronomes que apon- tam para o assunto, ou seja, para aquilo ou aquele do qual o emissor fala. a) Apesar de Lima Barreto ter sido um nome impor- tante para a literatura brasileira, os críticos não o reconhecem como deveriam. b) O aumento de impostos ocorreu inesperadamente para a população não ter tempo de opor-se a ele. c) Tenho dormido mal, e isso tem prejudicado meu rendimento. d) Novas pesquisas fazem a ciência constantemente rever suas definições. 3 Levando em consideração o contexto das frases, trans- creva o referente dos pronomes destacados. a) João deixou de beber refrigerante, pois isso preju- dicava sua dieta. isso: beber refrigerante; sua: João b) Sentia-me tenso, mas meu irmão não transparecia que também o ficava. o: tenso c) O professor pediu que lhe entregássemos o trabalho na segunda, após o feriado. lhe: professor d) As novas tecnologias têm influenciado negativamen- te as relações interpessoais, pois elas se tornam ainda mais superficiais. elas: relações interpessoais 4 Reescreva as frases a seguir empregando os pronomes mais adequados para evitar a repetição das palavras. a) O presidente entende que as medidas do presidente devem ser compreendidas pela população. O presidente entende que as medidas dele devem ser compreendidas pela população./O presidente entende que as suas medidas devem ser compreendidas pela população. b) Enquanto o homem não se colocar no lugar do pró- ximo, o homem conservará as injustiças sociais. Enquanto o homem não se colocar no lugar do próximo, ele conservará as injustiças sociais. c) Os resultados da educação básica brasileira estão entre os piores do mundo porque não se investe o suficiente na educação básica. Os resultados da educação básica brasileira estão entre os piores do mundo porque não se investe o suficiente nela. d) Para que todos os indivíduos se desenvolvam plena- mente, é preciso oferecer aos indivíduos condições semelhantes. Para que todos os indivíduos se desenvolvam plenamente, é preciso oferecer a eles condições semelhantes./Para que todos os indivíduos se desenvolvam plenamente, é preciso oferecer-lhes condições semelhantes. 14 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 8 PH_EF2_7ANO_LP_005a017_CAD2_MOD08_CA.indd 14 11/27/19 15:26 APLICANDO O CONHECIMENTO Que tal agora retomarmos a leitura da resenha que deu início a este módulo? O trecho seguinte é a continuação do texto da seção Para começar. [...] Em sua primeira obra infantil, Emicida parte da fruta do título e de um narrador que conta para sua filha que as amoras mais pretinhas são as mais doces, as melhores que existem. A partir daí, ele mistura figuras como Muhammed Ali, Martin Luther King e Zumbi para expandir o livro para fora do pomar e chegar à frase que abre este texto — tudo com de- licadeza e um deslocamento de significados que fazem brotar nas entrelinhas uma mensagem de aceitação e, para usar uma palavra da moda, de empoderamento. O recém-lançado Chapeuzinho e o Leão Faminto consegue os mesmos resultados, mas de maneira ainda mais sutil e com um diferencial que faz o livro esbarrar na genialidade: o texto não traz nenhuma palavra relacionada a cor de pele, tipo de cabelo ou qualquer outra característica física. A narrativa é uma adaptação do conto clássico original, mas com algumas diferenças. A motivação do passeio da pro- tagonista é levar remédios para a tia doente. No caminho, ela passa por girafas, macacos, gazelas e suricatos. Mesmo o vilão não é o lobo — quem está faminto para devorar a menina é um leão de barriga vazia. São os elementos visuais escolhidos pelo autor e ilustrador, Alex T. Smith, que logo fazem com que o leitor situe a história na África e na savana. No lugar da menina branca, há uma pro- tagonista negra, de cabelos crespos, cercada por uma estética e uma paleta de cores tipicamente africanas. Como nos bons livros ilustrados, texto e imagens trazem informações próprias que, quando conectadas, transmitem uma mensagem poderosa e não subestimam a inteligência das crianças. Cada qual a sua maneira, as duas narrativas põem meninos e adultos na roda não apenas para pensar sobre preconceitos, mas deixam diversas pontas prontas para serem puxadas e servirem de temas para debates. Na sociedade brasileira, as “pretinhas” são mesmo vistas como as melhores? Quem disse que a Chapeuzinho não pode ser negra? [...] MOLINERO, Bruno. Era outra vez. Literatura infantojuvenil e outras histórias. Folha de S.Paulo, 14 maio 2019. Disponível em:<https://eraoutravez.blogfolha.uol.com. br/2019/05/14/como-falar-de-preconceito-e-relacoes-raciais-com-criancas/>. Acesso em: 30 ago. 2019. 5 1 Com base nas avaliações que o autor formula sobre os livros de Emicida e Alex T. Smith, explique a expres- são “Cada qual a sua maneira”, utilizada no último parágrafo. Segundo o autor, cadanarrativa propõe a temática do preconceito com diferentes abordagens: Emicida opta pelo empoderamento e pelo discurso de aceitação por meio de personagens negros; já Alex T. Smith opta pela inserção de elementos visuais, como os cenários e a etnia, que remetem à África. 2 Os pronomes não são capazes de dar nome, mas de representar diferentes palavras e informações para que não sejam repetidas no texto. Chamamos a essas pala- vras ou informações de referentes. “Em sua primeira obra infantil, Emicida parte da fruta do título e de um narrador que conta para sua filha que as amoras mais pretinhas são as mais doces, as melhores que existem.” Identifique os referentes que o pronome sua representa em cada uma das ocorrências acima. Na primeira ocorrência, sua representa Emicida; na segunda, narrador. 3 No quarto parágrafo, os pronomes algumas e quem referem-se à terceira pessoa de forma ampla e genéri- ca. Classifique esses dois pronomes de acordo com os papéis substantivo e adjetivo e indique a que termo se referem. O pronome adjetivo algumas acompanha o substantivo diferenças, e o pronome substantivo quem substitui incognitamente o substantivo le‹o, apresentado posteriormente no texto. 15 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 8 PH_EF2_7ANO_LP_005a017_CAD2_MOD08_CA.indd 15 11/27/19 15:26 DESENVOLVENDO HABILIDADES Toy Story 4 não justifica um novo filme da franquia da Pixar Em volta de Woody e Buzz Lightyear, brinquedos precisam resgatar garfo em crise existencial Algumas pessoas sentem uma coceira incontrolável quando veem que alguma história já está completa, redonda, sem necessidade de novos capítulos. O desejo é tão persistente que logo decidem mexer no que estava quieto. Afinal, que mal teria uma continuação? No cinema, isso gera aberrações como Homem-Aranha 3 (2007) e Os embalos de sábado continuam (1983) — sequência de Os embalos de sábado à noite (1977) dirigida por Sylvester Stallone. Toy Story 4 flerta com essa lista. Isso após a franquia sobre brinquedos que ganham vida longe dos humanos ter alcançado algo raro: estrear com um ótimo filme em 1995 (o primeiro feito todo no computador), manter a qualidade na sequência de 1999 e chegar ao melhor longa em 2010, encerrando a trilogia como poucos. Mas lembra aquela história de coceira incontrolável? Toy Story 4 retorna ao mundo dos bonecos, mas desta vez eles não pertencem mais a Andy. O menino cresceu, foi para a faculdade e doou Woody, Buzz, Senhor Cabeça de Batata e toda a patota de plástico para a garotinha Bonnie. Mesmo entupida de brinquedos, a menina inventa de criar um personagem de sucata feito com garfo descartável, palitos e arame. Uma espécie de Frankenstein, que ganha vida, se torna o divertido Garfinho e vive em eterna crise de identidade, com tendências praticamente suicidas. É quando Garfinho desaparece que o longa se desenrola, forçando Woody a encarar sozinho uma missão de resgate em busca do talher fujão. No caminho, ele conhece novos perso- nagens e reencontra Betty, a boneca que no passado foi uma paquera do caubói. Mas ela mudou. Agora está empoderada, não pertence a ninguém e veste uma calça jeans no lugar do antigo vestido cor-de- -rosa. É uma reação ao movimento #MeToo e resposta cinematográfica da Pixar contra as acusações de assédio que alvejaram o fundador do estúdio, John Lasseter. O filme, no entanto, para por aí. Embora tecnica- mente impecável, como costuma ser tudo da Pixar, Toy Story 4 não justifica sua existência. E piora no final, quando tenta acrescentar um toque dramático com uma separação dolorosa que não consegue supe- rar o desfecho do terceiro longa, deixando um gosto chinfrim de déjà-vu. Pensando bem, aquela coceira parece ter causa: em 2018, a Disney inaugurou nos EUA um parque temático de Toy Story com 44 mil metros quadrados. Não parece inteligente (diante do investimento) que o último filme da franquia tivesse sido lançado há quase dez anos. MOLINERO, Bruno. Folha de S.Paulo. Ilustrada, 18 jun. 2019. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/06/ toy-story-4-nao-justifica-um-novo-filme-da-franquia-da-pixar.shtml>. Acesso em: 2 set. 2019. 5 1010 S u s h im a n /S h u tt e rs to ck R e p ro d u ç ã o /D is n e y H o lly w o o d S tu d io s 16 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 8 PH_EF2_7ANO_LP_005a017_CAD2_MOD08_CA.indd 16 11/27/19 15:26 1 No início do segundo parágrafo, o vocábulo isso cumpre determinada função na organização do texto. Relendo o texto, percebe-se que sua função consiste em a) anunciar os filmes Homem-Aranha 3 e Os embalos de sábado continuam. b) referir-se ao nome do filme Toy Story 4, comentado pelo autor. c) retomar informação do parágrafo anterior: “mexer no que estava quieto”. d) evitar a repetição da pergunta anterior “Afinal, que mal teria uma continuação?”. 2 Em “... como costuma ser tudo da Pixar...” (9º parágrafo), o pronome tudo serve para a) representar informações já especificadas ao longo do texto. b) substituir um conteúdo não escrito: as produções cinematográficas. c) reforçar a locução verbal “costuma ser” para inten- sificá-la. d) referir-se genericamente a informações desconhe- cidas pelo leitor. 3 Com base na leitura da resenha, pode-se dizer que o seu autor a) reconhece intenções comerciais na continuação de sequências já encerradas. b) demonstra que a franquia Toy Story seguiu o destino de continuações malsucedidas. c) entende que os critérios técnicos e visuais são os mais importantes na construção do filme. d) aprova a retomada de sequências de filmes para contentamento dos espectadores. ANOTAÇÕES 17 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 8 PH_EF2_7ANO_LP_005a017_CAD2_MOD08_CA.indd 17 11/27/19 15:26